A MORAL DO SÁBIO BODE VELHO....

Um dia um sábio bode velho, acordando de sua longa meditação, disse, ao som dos ventos que sopravam a leste, em direção ao Grande Vale, o seguinte: "É hoje...".

E virando as costas ao Grande Vale, dirigindo-se a Árvore Sagrada, no qual só os Grandes Sábios podiam chegar perto dela, e usufruir de uma pequena parte de sua força vital. Com seu cajado, fez várias correntes de ar se voltarem e carregar as flores da Árvore, para o leste, em direção ao Grande Vale.

Do nada, uma brisa muito leve e aconchegante ressoava nas vilas do Grande Vale, trazendo consigo várias pétalas de flores suaves, doces, tranquilizantes.

Os moradores das vilas pararam o que estavam fazendo para apreciar o raro acontecido. Por um breve momento esqueceram-se dos problemas, afazeres, trabalhos, compromissos, enfermidades, tormentas, crises, e tudo que acarreta a vida de um ser vivo e pensante.

O sábio bode velho não resistiu ao feitio, e entregou-se a meditação eterna, com a consciência tranquila, limpa, apenas esbravejando as naturezas extrafísicas que encontrou dentro de si.

O esforço do sábio foi quase totalmente em vão.
Após alguns minutos de brisas e pétalas a tranquilizar corações na vila, os moradores ficaram por um breve tempo pensando que lindo fora o raro acontecido. Mas voltaram aos seus problemas, as suas lamentações, se entregando mais uma vez às pútridas fendas interiores que deixam crescer tanto dentro de si.

O que importa é que o sábio bode velho fez a sua parte, e estava a caminho de uma condição melhor, rumo a uma luz muito limpa e cheia de ideias novas e reformadoras, prontas para o uso, que em breve virá a tona.

E os moradores ignorantes, deixaram passar mais uma de muitas oportunidades de verem que nem tudo gira em torno de seus problemas ou de si próprios. E seguiram vivendo, em lindo Vale, porém não sabiam aproveitar tudo que ali tinham.

O sábio se foi, o Grande Vale estava sozinho e esquecido, a Árvore Sagrada deixou aquele lugar, e foi, com sua essência divina, para onde tinha mais utilidade. E os moradores, cegos, terminaram suas vidas em maio a um lugar sujo, transformado em ruínas, que nunca mais foram habitadas...

R. B. Mattozzo'

Esbravejando uma viajem a um lugar de sábios e ignorantes, onde não há maus ou bons...